sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Uma derrota necessária

Durante esta semana recebi ótimas notícias, dentre as quais uma que se refere à minha efetivação como professor do estado de Santa Catarina, uma vitória precoce para quem exerce o magistério a tão pouco tempo, porém desde o início da semana meu semblante fechado já mostrara todo o peso em minhas curvadas costas, o dia da despedida estava próximo, e os dias antecedentes a este passaram voando, como sempre passaram durante este nada longo ano letivo.

A despedida que me refiro está ligada à Escola Filho do Mineiro, lar educacional que me acolheu durante este ano de 2013, e por ventura me propiciou a oportunidade de lecionar para turmas fantásticas, que inclusive foram tema de um artigo deste mesmo blog, contudo, no momento em que escrevi não havia me despedido realmente das turmas, e sim desejei fazer uma singela homenagem a quem me ajudou muito, primordialmente na decisão de continuar sendo professor, profissão esta que já estava pensando em abandonar devido às frustrações existentes na carreira do magistério.

Realmente este ano letivo me abriu infinitos horizontes, me senti útil, e realmente um formador de opinião e um intermediador do conhecimento, posso relatar que muito mais aprendi do que ensinei, e demonstrei isso em sala, em que por vezes debatia assuntos atuais que eram muito mais úteis a mim do que para os alunos, atualmente, haja paciência destes queridos!
Hoje, dia 29 de novembro tive minhas últimas aulas na turma 901, primeira turma para que ministrei aulas, lá no dia 15 de fevereiro, e também turma a qual mais me identifiquei durante todos este período de casa, no Filho do Mineiro.

Na data de hoje dei os dez passos mais difíceis de minha vida, entre o ginásio e a sala de aula, sabia que quando entrasse  em sala tudo estaria muito próximo do fim! Antes de entrar conversei com a direção e ingeri ao menos 5 copos d’água, não acredito que ela acalme, mas pelo menos me faria menos ansioso e ofegante.

Antes de entrar também me lembrei do que combinei comigo mesmo às 2h30 da manhã, do discurso pouco inflamado e das palavras cautelosas que deveria utilizar, afinal, deveria ser sempre o bonachão bem humorado de sempre, o “Lucas sem Chinelo”, e propiciar alegrias neste último dia de aula.

Quando pus a mão na maçaneta definitivamente esqueci tudo o que combinei outrora comigo mesmo, me esfacelei ao olhar a disposição de todos os alunos, realmente sabia que era o fim, então me sentei e fiz o que chamei de “Chamada mais difícil de minha carreira”, ao finalizar comecei a proferir o ensaiado discurso, ou ao menos tentar, e como previa, não consegui.

Em meu chato discurso elogiei muito a turma e todos os seus componentes, que honestamente me surpreenderam muito, e todos sabem disso, nunca escondi de ninguém que só espero o melhor de todos! Porém, durante o discurso pude ver que talvez toda minha preocupação com o adeus era recíproca, e senti que faria falta a alguns também, isso definitivamente me cativou muito, e de uma forma torta terminei meu discurso quase aos prantos, fato inédito para mim, um sujeito nada emotivo e por vezes arrogante e prepotente. Acho que naquele momento aprendi a amar, não somente meus alunos, mas também minha profissão e seu significado.

De forma embargada e com olhos marejados encerrei meu discurso, que já nem lembro mais como terminou, tamanha emoção aflorada em minha mente naquele momento, o grande vazio que sentia ao exercer minha profissão tinha sido preenchido naquele dado momento, e com muitas dificuldades e muito próximo de um choro espontâneo pedi a todos que compreendessem o quão era difícil encerrar algo tão concreto e sólido que construímos. Após isso nos retiramos e tiramos uma foto, esta que terá milhares de significados, e estará eternamente guardada em minha memória.

Ao choro e soluços sinceros ao escrever mais este artigo, finalizo dizendo o seguinte...

Hoje perdi, perdi vocês, mas foi necessário! A vida nos guiará por bons caminhos, tenham certeza disso.

Adeus 901, até o dia em que nós nos encontraremos novamente!




Carpem Diem - Fresno

E não dá pra imaginar
Como eu vou viver no mesmo lugar,
Num asilo sem ter amigos pra contar
Das coisas que eu fiz e não vou mais fazer
Porque eu envelheci
E devia morrer, mas eu me esqueci de avisar a Deus...

E agora eu sei que eu devo viver

Intensamente, viver pra um dia eu não

Me arrepender das coisas que eu fiz

E nunca mais vou fazer
Daí eu já posso morrer


Um comentário:

  1. Quando nascemos o primeiro grupo social que frequentamos é a família, seguido da religião de forma involuntária por causa da família rs, porem o único laço que é formado por um grupo social que a meu ver é tão forte quando a do grupo social familiar é do professor e seus alunos, creio que isso é a maior gratificação para o próprio professor que é ver seu trabalho sendo reconhecido nos olhos de seus discípulos e a alegria por ter feito parte da historia da turma e ao mesmo tempo de sua vida e carreira, e você Jovem sábio Lucas Cechinel conseguiu transmitir para as palavras cada sentimento que você sentiu durante esse tempo que passou com a turma 901 meus parabéns rs.

    Assinado : Edwilker Caetano

    Ps: perdi o meu Gmail então tive que comentar como anônimo :)

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